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23 de set. de 2010

Mônica

Ela era uma patricinha. Burguesinha mineira. Só namorava os mauricinhos de Belvedere. Eu não tinha carro e mal tinha dinheiro para uma pizza. Trabalhava de dia e estudava à noite, ajudava em casa e era péssimo aluno. Nos conhecemos numa festa chique, na qual fui de penetra pseudo-rico: terno e gravata (alugados), perfume francês-do provador da importadora onde eu trabalhava e claro, buzão como transporte.
Depois de meia hora naquele rega-bofe, com a minha rapaziada perita em penetrar festas de gente da alta, tive aquela visão maravilhosa: Mônica, na pista de dança, soberana.
Ela tinha 21 anos, morena, cabelos tratados em algum coiffeur(esse nome é engraçado), unhas impecáveis, pernas lindas, maquiagem leve, do jeito que tem que ser. Ela era uma deusa e eu que sempre desprezei o tipo grife, estava deslumbrado com o jeito que ela sorria, bebia sua taça de champanhe(ou algo muito parecido) e se tornava a dona da festa. Eu tinha 19 anos e fiquei louco para penetrar nessa festa chamada Mônica. Sempre fui o cara abusado bom de papo, apesar de uma timidez típica de quem sabe que é um zé ninguém. Tomei uns gorós e fui à luta.
Ficamos juntos por quase um ano. Mônica me buscava em casa de carro, adorava almoçar a dobradinha da minha mãe e me levava pro sítio da família dela, nos fins de semana. Ela era menos patricinha do que eu imaginei e me amou de verdade. Além de linda, Mônica tinha grandes talentos no quesito cama. Ela gostava da coisa. Se entregava, seduzia como ninguém e era uma namorada ciumenta e possessiva. Numa crise de ciúmes uma vez, ela deu uns puxões de cabelo na minha prima. Nem de longe lembrava a riquinha de cabelos moldados a produto francês... Barraqueira e deliciosa, a Moniquinha.
Há alguns anos nos reencontramos e é incrível como o tempo foi generoso com ela. Reconheci-a a princípio, por um sinal que tem em uma das mãos. Nos reconhecemos logo depois, pelo olhar vibrante que sempre nos uniu. Linda como nunca, ou como sempre. A verdade é que adorei revê-la e decobrir tantas lembranças bacanas que ficaram.
Essa é minha homenagem àquela garota rica de BH, que curtia o podrão da barraquinha do Saulo do mesmo jeito que chegava rainha ao Vecchio Sogno, restaurante mais caro das Minas Gerais.

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