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29 de jun. de 2011

Paulas

O nome é Ana Paula, mas ela achava comum e ignorava o Ana que tinha no nome. Nos conhecemos numa festa da faculdade, ela bebeu tanto que me beijou achando que eu era outro. Percebi mas gostei do beijo, então o fato dela ter me chamado de Júlio por mais de duas horas, foi o menor dos problemas. Pior foi ter que explicar pro tal Julio, que eu não tinha nada a ver com isso, pelo menos não diretamente.

Paula era uma portuguesinha linda, filha do dono do armazém ao lado da casa da minha vó. Eu gostava de chegar lá no fim da tarde, quando ela vinha da escola e ficava no balcão. Normalmente, ela se debruçava sobre ele e suas sardas fugiam do sutiã e grudavam nos meus olhos. Era uma delícia. Eu pedia pra ela pegar algo lá na última prateleira e ela descia esguia, como uma bailarina num alongamento. Bunda pra cima, peitos pra baixo e seu João atrás dela com sotaque carregado e voz de bravo. O português sabia cortar nosso barato.

Paulinha era uma baixinha, simpática que vivia lá em casa, porque era amiga de minha irmã. De vez em quando, batia na porta do meu quarto e perguntava se podia ficar lá,ouvindo música e batendo papo. Uma vez rolou. Eu não tinha a menor intenção nela, não fazia meu tipo, era careta e sorria demais. Mas tudo aconteceu tão rápido e foi tão bom que no dia seguinte eu queria mais daquela caretice e desejei me perder nos seus quadris estreitos muitas vezes. Mas ela não quis dar chance pro irmão com fama de comedor da melhor amiga e me dispensou. Jamais tive uma quinta vez.  Eu disse quinta.

Paula é paulista e no inverno usa meia calças e chapéu. Ela é estilosa, embora faça misturas exóticas demais pro meu gosto caipira. Ela é provocante e fuma um cigarro atrás do outro, com a mesma elegância que pede um croissant e um café sem açúcar. Assim que cheguei em SP, ela ofereceu seu carro para que eu procurasse apartamento aos sábados, eu aceitei a gentileza e na entrega do carro, normalmente aos domingos, saíamos para um café com cigarro nos arredores dos Jardins. Paula usa maquiagem forte nos olhos. Jamais bebe fermentados e é a única mulher que conheço, a partilhar a devoção pelo Jack Daniel´s.
Depois de nos beijarmos por horas num desses domingos de devolução de carro, fomos pro seu apartamento. chovia muito e ela me deu um lugar quente para dormir naquela noite de muita vodca: o sofá da sala. Assim, sem cerimônias e com preliminares. Foi o sofá e só.

Essa é minha homenagem às Paulas que passaram  por essa minha vidinha torpe...
Amanhã chegará mais uma. Paula Andrade de Menezes, filha do meu amigo Zé, de Belo Horizonte.
É isso aí, Zezão! Prepare-se, porque criar uma Paula nesse mundo doido... não deve ser uma missão nada simples.

28 de jun. de 2011

Quando eu digo que elas sabem tudo...

http://soseidancarsarrando.blogspot.com

Deleitem-se.
;)

Elas.

Por mais que haja um esforço sobrenatural da nossa parte,
jamais chegaremos aos pés delas.
Somos pequenos, mesquinhos, práticos, rasos.
Elas são grandiosas, complexas, controversas, íntegras.
Elas amam sem medo. Elas vivem da coragem de serem elas.
Sangram mensalmente, educam diariamente, perdoam constantemente.
Vivem do desafio de serem elas.
Fingindo às vezes, se equilibrando entre ser e parecer
quase sempre,
acreditando o tempo todo.
Elas.
Sempre e somente elas.

21 de jun. de 2011

Sofia

Ela nasceu em Portugal e morava em Los Angeles, na mesma época que eu andava por lá.
Sofia tinha olhos verdes e amendoados, falava pouco e trabalhava muito. Era garçonete, faxineira, arrumadeira de hotel e atriz.
Todo mundo em Los Angeles é ator ou atriz, mas Sofia acreditava nisso de fato. Corria atrás de  pequenas e grandes produções, fazia testes quase diários, estudava papéis que jamais seriam dela, encenava Shakespeare num inglês sofrível, mas era a Julieta mais bonita que já se teve notícia. Como era linda a Sofia.
Não tinha um corpo perfeito,  mas a danada sabia usar tudo que a natureza lhe deu a seu favor. Os seios fartos ganhavam decotes mais fartos ainda, os cabelos cacheados eram cheirosos, anelados na medida, cuidados com dedicação.
Sofia e eu nos conhecemos perto do Albergue onde eu estava, ela tinha amigos lá que descolavam textos de teatro e afins. Vivemos uma história que durou algumas semanas e muitos beijos de cinema, sexo delicioso entre a hora de um emprego e outro  e confissões de sonhos.
Nunca mais tive notícias de Sofia, mas me lembrei que hoje é o seu aniversário, primeiro dia de inverno no Brasil e verão em Portugal. Minha homenagem a Sofia, essa mulher de mil estações que daria orgulho a qualquer Camões ou todos os Saramagos.

20 de jun. de 2011

Ela foi entrando sem cerimônias. Escolheu o lado da cama e o edredom que estava no fundo do armário. Colocou flores no vaso solitário de cima da mesa, fez um macarrão a bolonhesa apimentado com cheiro de manjericão e pendurou uma camisola azul no meu cabideiro.
Outro dia achei um esmalte vermelho na gaveta do banheiro e lembrei das suas mãos fortes apertando minhas costas. Sorri sozinho, fiz cara de bobo, senti saudades.
Ela diz que gosta da minha barba mal feita e do meu jeito de dormir. Eu digo que gosto da forma como ela se espreguiça e gesticula empolgada contando uma história.
Tô pego.
E não é que está divertido?
:-)

15 de jun. de 2011

Clarice

Ela nunca soube que eu existia. Foi amor platônico, daqueles que a gente quer manter platônico pra não estragar.
Era amor ingênuo, apesar das punhetas diárias pra ela.
Era amor bonito, apesar de nunca ter havido uma carta de amor. Clarice era tão incrível que na minha imaginação romântica, eu preferi deixá-la assim, numa espécie de pedestal. A realidade acaba com a perfeição, invariavelmente.
Eu esperava a hora dela sair do colégio. Livros colados nos peitos, pra me torturar. A seguia de bicicleta até ela entrar na portaria e fechar o portão de grades sem olhar pra mim. Eu a protegia sem que ela sequer imaginasse. Clarice tinha cheiro de camomila. Clarice tinha olhos de lua cheia. Clarice tinha cintura de pilão.
Não sei era ciumenta, se era louca tipo 1 ou 2, não cheguei a saber o que tocava no seu walkman...
Seus pais se separaram e ela foi embora com a mãe no dia que tomei coragem de me apresentar. Sofri e me martirizei por ser tão mané, mas hoje eu sei que o beijo que ela nunca me deu, faz dupla perfeita com minha memória de adolescente tímido e sonhador.

13 de jun. de 2011

Inspiração

Às vezes me falta a tal inspiração. Sendo ela um substantivo feminino, normal que me apronte umas ciladas... Mas falta de inspiração é coisa habitual na vida de um blogueiro.
O tema desse blog são as mulheres, as minhas mulheres.
As que passaram pela minha vida.
Pode ter sido hoje de manhã, ontem à noite, há vinte anos. Mulheres, tema infinito.
Convivo com elas desde que eu nasci, fui percebendo que não poderia viver sem o cheiro, sem as contradições, sem a coragem, sem as curvas, sem a alma feminina.
O amor é um sentimento bacana, mas existe a partir delas.
A paixão é show de bola, mas sem a voz macia do lado de lá da linha telefônica, não teria a menor graça. A vida é louca e imprevisível.
Por causa delas.
Já homenageei namoradas, ex namoradas, desconhecidas, anônimas, irmãs, amigas... Mulheres que entraram e saíram da minha vida, muitas vezes sem perceber o quanto me marcaram, o quanto foram amadas, o quanto foram... simplesmente mulheres.
Para que inspiração, se vocês existem, afinal?
:)

7 de jun. de 2011

Quem vai ficar com Mary?

Mary é uma amiga de longa data. Contrariamos as estatísticas de que amizade entre espécimes de sexos opostos não existe. Fomos amigos durante anos e nunca rolou nada. Tudo bem que ela passou 90% do tempo em que vivíamos na mesma cidade casada com meu melhor amigo. Isso anula a contrariedade das estatísiticas, mas... eu tinha que citar essa coisa inédita de ter uma amiga por 10 anos e não encostar o dedo nela. rs
Essa semana ela me ligou. Está solteira, livre, leve e solta. Cheia de pretendentes aos 38 anos. Me resumiu sua vida sentimental em 3 minutos e fiquei confuso por uns dois dias! Tá arrebentando corações, minha amiga Mary! Queria conselhos, dicas para conseguir administrar 3 homens diferentes sem perder nenhum. Como se eu conseguisse o tal milagre do teletrasporte e clonagem automática... Ela dizia que um é romântico e rico, o outro é lindo, inteligente e pão duro e o terceiro é feio, pobre e perfeito no sexo.
Eu não sei quem vai ficar com Mary, mas qualquer um dos supostos pretendentes será um sortudo em potencial.
Minha homenagem a uma mulher incrível, especial e que, apesar de estar com um monte de dúvidas, sabe exatamente o que quer: Ser feliz.
Então seja! Você merece.