Ela tinha um corpo sensacional. Seios no tamanho boca gulosa e aquele bumbum redondo de encher a mão.
O sorriso tímido lhe conferia elegância e mistério. Falava baixo, pisava leve e tinha medo de andar de avião.
Uma graça a Ana Maria. Ela era irmã torta de um amigo da faculdade e volta e meia rolavam umas caronas no carro dela. Ela fazia Psicologia e tinha um ar de terapeuta de revista, sempre com um bom conselho, uma boa tirada. Acontece que eu estava namorando e aparentemente apaixonado. Tinha dado um duro danado pra conseguir aquela gata. Estava numa fase calma, daquelas que a gente pede aos anjos pra nos afastar de qualquer tentação.
E Ana Maria era minha tentação. Quando nos encontrávamos nos corredores, eu não resistia ao seu jeito meigo e sempre pedia carona. Eu dava um jeito de dispensar a namorada e sair mais cedo. Foi um período de enxaquecas e problemas no estágio. Numa dessas caronas, segui o script do cafajeste, exaltando o ciúme descontrolado, a falta de companheirismo em algumas situações e as brigas frequentes no meu namoro.
Ana Maria me deu vários conselhos, se mostrou interessada e falou de onze teorias de Jung que justificariam meu complicado relacionamento.
Quando eu a beijei lá pelo capítulo 9, ela nem tentou evitar, mas alguns dias depois eu estava sem namorada e sem minha doce terapeuta. Como já era de se esperar, uma mulher certinha e psicóloga fica com dor na consciência, pede o pinico e entrega minha cabeça numa bandeja.
Foram alguns amassos no carro e só, mas me custou um período de faculdade e uma péssima fama com a mulherada de Humanas.
Doeu.
Ano novo, vida nova?
Há 2 meses