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7 de nov. de 2011

Diana

Eu e Diana nos conhecemos em 2001 em BH. Trabalhamos juntos e nos tornamos bons amigos.
Um dia ela estava na garagem, antes do expediente, chorando copiosamente. Sempre fico sem ação quando vejo uma mulher aos prantos. Nunca sei se acalento, se falo alguma coisa, se abraço, se passo direto... resolvi bater no vidro do carro, sentei no banco do carona e esperei que ela parasse de soluçar. Seus olhos inchados, o rosto vermelho e a alma triste de Diana me comoveram. Mulher que me comove também me enche de tesão. Quando as lágrimas deram uma trégua, ela me abraçou e disse que não conseguiria trabalhar.
Levei Diana em casa, voltei pro trabalho, avisei a chefia que ela estava doente e no fim do dia voltei à sua casa para saber como estava. Eu tinha a melhor das intenções, afinal, um babaca qualquer deve ter quebrado o coração dela, eu pensava...
Diana sofria de depressão. Tomava medicamentos fortíssimos e volta e meia tinha crises agudas que a paralisavam. Era uma mulher  independente, feminina, delicada e inteligente. Tantas qualidades incríveis e uma companhia desagradável chamada depressão a derrubava por dias. Ela mal conseguia falar, não comia, não saía da cama pra absolutamente nada.
Nos aproximamos mais depois da tal crise, viajamos juntos porque ela queria ver o mar, fomos ao cinema e fizemos sexo bonito por algum tempo. Eu fiquei envolvido, acreditava realmente que poderia tirá-la desse abismo, que talvez dependesse apenas dela estar feliz, com a pessoa certa, tendo bons orgasmos e ganhando flores de vez em quando. Não era bem assim. Diana até que tentava, mas volta e meia era nocauteada pela tristeza profunda e ... lona.
Após uns meses eu pedi as contas dessa relação temperada com tanta dor e agonia. Não dei conta de tão pouca reciprocidade. Me senti mal por ter desistido de Diana. Ela me deixou ir e me agradeceu por eu ter ficado mais tempo que a média. A verdade é que eu estava começando a sentir pena daquela mulher bonita e triste. E vamos combinar que pena é o fim da linha num relacionamento.
Minha homenagem à Diana.
Desejo que tenha vencido o monstro.

4 de nov. de 2011

Liliana

A vida é bem esquisita às vezes. Liliana só contribui para essa afirmação ser um fato.
Ela é instável, pouco simpática, séria e incrivelmente sexy.
Não é uma mulher bonita, mas tem um jeito intrigante, um mistério nos olhos.
Tem sempre uma resposta cortante para nossas perguntas mais comuns. Tem sempre um sarcasmo seco para suas explicações mais longas.
Liliana me deu 2 foras seguidos numa viagem de trabalho, depois pareceu ter se arrependido e ao que tudo indica tentou se aproximar, mas como não sabe ser doce, chegar mansa ou demonstrar afeto, ficamos no zeroazero.
Já tinha desencanado de Liliana quando meu telefone tocou às 3 da manhã. Número desconhecido no display. Nunca desligo meu celular, quem tem filhos fora de casa sabe do que estou falando.
Do outro lado da linha uma voz baixa, abafada, quase um sussurro:
- Rubens, tô pensando muito em vc.
-Quem é?
-Eu. E nem tente dar risada.
-Lilia...
-É. sou eu. Vem me ver?
-Vc bebeu?
-Um pouco. Mas não tô bêbada. Tô apenas mais sincera que o normal.
-São 3 horas da manhã...
-Tem hora pra ser sincera agora?
-Acho que não, mas tô estranhando... essa hora, esse jeito... Tô meio sonado... Tá tudo bem?
-Tá tudo bem. Você vem?
-Liliana, estou realmente lisonjeado, mas hoje é quarta feira, passa das 3... A gente pode conversar amanhã?
-Não tem amanhã. Esquece.
Liliana desligou o telefone, nunca mais atendeu minhas ligações, negou até morrer que um dia tivesse ligado pra mim de madrugada e com tudo isso, tornou a vida uma coisa realmente muito esquisita.
mulheres...
tem como não amar muito??

2 de nov. de 2011

Marisa

Eu sou preguiço pra xavecar. Vamos combinar que a oferta é grande e quase não é necessário muito esforço pra ganhar a mulher certa, especialmente na noite. Ao mesmo tempo eu gosto da conquista, a preguiça é uma acomodação, um hábito que nasceu da facilidade, da rapidez, do self service do amor.
Marisa é muito gata. Muita areia pro meu caminhãozinho, mas é assim que eu curto. Desafios.
Olhei, ela me esnobou.
Sorri, ela fechou a cara.
Pedi pra amiga passar o telefone dela, com sua autorização e me ferrei. Ela mandou dizer que adora garotões. Tô fora do skill. "Vc é legal, engraçado e boa pinta, mas não faz a cabeça dela." Foi essa a mensagem da amiga bacana. Bacana com Marisa, claro. Comigo foi quase perversa.
Mas acontece, pessoal, que garotões não abrem a porta do carro, não fazem o café do dia seguinte, não observam o corte de cabelo dela, não pagam a conta do jantar e nem sempre esperam por ela pra gozar.
Tomara que eu tenha chance de mostrar pelo menos a primeira das muitas qualidades de ser um quarentão.
Marisa, sua linda, tô na área e se derrubar, é pênalti.