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5 de out. de 2010

Lia

Eu tenho ímã pra mulher-problema. Talvez porque todas as mulheres sejam problemáticas. Talvez porque eu seja problemático. O fato é que elas brotam. Elas se multiplicam na minha vida. Coisa simples não tem vez ou não tem graça.
Tenho uma velha amiga, da tribo Att*, que sempre me adverte que sem problemáticas, "deérres", "tepeêmes" e toda a sorte de loucuras femininas, eu não teria metade das boas histórias que tenho... Eu até costumo concordar, mas no meio do furacão, fica muito difícil ter consciência disso.
Lia era mulher-problema. Diagnosticada e tratada, ela parecia uma mulher-desafio. Mas era apenas um disfarce químico.
- qq dia, faço um post: mulher-problema x mulher-desafio -
Lia era a incoerência em pessoa, não bastava ser mulher, tinha que ter a carga emocional descompensada, traumas de infância aos montes e claro, ser linda-de-doer. Sorriso contido, dentes branquíssimos, um nariz com personalidade e altivez. Lia usava os cabelos ao natural, levemente cacheados, olhos pequenos e brilhantes. Era linda a danada. Linda e problemática.
A mãe não a amava, o pai a desprezava, no trabalho não a reconheciam. Os homens só se aproximamavam para comê-la.
Os amigos sá apareciam em hora de festa. Lia era cansativa. Tornava qualquer dor de cabeça uma enxaqueca e tinha etiquetas de "vítima" para toda e qualquer ocasião.
Me lembro de ter levado uma lingerie pra ela em nosso aniversário de um ano. Ela adorou. Ela ria das minhas piadas o que pra mim era um alento. Ela gozava lindamente o que pra mim era um tesão. Eu amei aquela mulher, como quem ama um passarinho de asa quebrada, que precisa ser tratado. Eu amei Lia, mas queria que ela ficasse boa logo, para poder enxotá-la daquele ninho
e vê-la alçar vôos-solo.
Volta e meia lembro das lindas asas quebradas daquela mulher-problema que nunca quis aprender a voar sozinha. E olha que ela seria um pássaro bonito, desses que detestam gaiola. Pena que eu não pude ficar para vê-la descobrir isso. Pena...

*Att- amigos tb transam

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