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10 de ago. de 2010

Claudia

Ela era a típica baixinha folgada. E tarada. Adoravelmente tarada.
Cacau usava os cabelos curtos, lotados de presilhas, arcos e laços. De certa forma, tanto enfeite na cabeça, deve ter feito
ela imaginar-se enfeitada de outro adorno: o chifre.
O ciúme exagerado e a desconfiança constante a deixavam mais bonita e mais tarada. Ela batia o pezinho e deixava o dedo em riste, mordendo os lábios, antes de nos agarrarmos e acabarmos sem roupa em algum lugar. Uma vez eu estava numa reunião com clientes e ela apareceu do nada, cara de brava e mãos na cintura. Eu não consigo ignorar uma mulher assim. Eu deveria ignorá-la, mas nunca resisti a uma mulher que põe as mãos na cintura e faz cara de brava. Sorri, chamei-a para a nossa mesa e apresentei Claudia como minha noiva. Ela sossegou e até foi simpática.
Numa noite boa, depois de acabar comigo e me encher de beijos de sugar a alma, ela decidiu abrir uma CPI do meu celular. E no meio da noite, lá estava ela fuxicando agenda e caixas de mensagens...
Isso cansa um pouco, mas quando se está naquela fase paixão, nem chega a irritar.
O problema é que fases passam e aí é estressante checar tudo antes de sair do carro, antes de pousar o celular no criado mudo, antes de atender o telefone... Fica chato e inadministrável.
Claudia ficou assim. Não dava mais pra gente administrar tantas mãos na cintura, todo dia, o tempo todo...
"Você não serve pra mim" foi a frase que ela usou antes de jogar as chaves da porta em mim e nunca mais me procurar.
Pena, Cacau...
Sinto muita falta das chaves de pernas e nenhuma falta das chaves que tive que comprar para minhas gavetas.

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