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15 de mar. de 2011

Janaína

Deusa do mar. Era assim que eu a chamava fazendo referência à Yemanjá. Claro que era uma referência tosca, porque ser uma deusa do mar morando em Uberlândia é meio impossível.
Jana curtia quase tudo que eu e a gente se entendia bem pra caralho. Éramos daquele tipo de amor de verão e todas as vezes que eu voltava à Uberlândia para ver minha vó e os meus amigos a gente ficava. Ela me ligava pra dizer: "Vem me comer!"
Eu fui o primeiro cara com quem ela dormiu. Vieram outros depois, claro, mas eu estava ali no topo da lista e eu me orgulhava disso. Uma vez cheguei em Uberlandia, ela estava namorando, mas deu um bolo no tal moleque pra ficar comigo o fim de semana todo.
Não tiramos os pés do quarto, porque afinal, ela era moça comprometida num bairro onde todo mundo a conhecia.
Ela inventou uma gripe forte e eu nem sequer contei pros amigos que estava na área.
Ai, ai Janaína... deusa do mar.
Há alguns anos bateu uma saudade doida dos cabelos negros dela, do cheiro de mato que ela tem e parti pra Uberlândia, fui visitar a filhota, rever os amigos e comer Janaína, o melhor prato da região.
Mas ela não me quis. Ela me disse não. Eu não fazia mais parte da tal lista que me manteve no topo tanto tempo. As coisas mudam, eu sei. A fila anda, sempre dizem e eu quase já me acostumei com isso.
Essa é minha homenagem a uma deusa do mar que nem precisa ter o mar por perto pra ser a deusa dele.
...Saudades de umas ligações na madruga, aquelas de aguçar meu apetite.

Um comentário:

  1. Hummm... ligações na madruga, de aguçar o apetite, são tudo de bom!

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