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29 de mar. de 2011

Karla

Karla era uma mentirosa compulsiva. Acreditava tanto nas mentiras que contava, que muitas vezes fiquei em dúvida se ela tinha consciência delas. Ela era uma mulher bonita, rodeada de amigos, dona de uma inteligência tipicamente feminina. Nós nos conhecemos por acaso, numa viagem inesperada que fiz para Brasília. Me encantei com sua auto estima, com a forma como escolhia as palavras, com a desenvoltura ao falar de si mesmo e do mundo à sua volta. Mas karla era um personagem. Tinha poucas coisas reais ali. Ela fazia da própria história, uma grande colcha de retalhos costurada com poucas verdades, algumas meias verdades e muitas mentiras. Tivemos uma relação breve e intensa. No dia que eu quis que ela fosse embora, percebi que estava tão envolvido com a personagem criada, que estava difícil dispensar a Karla real. Loucura.
Eu sou macaco velho. Só quem se dá tanto à alma feminina pode aprofundar-se nela a ponto de reconhecer suas mazelas e disfarces. E eu reconheço de longe uma mentira bem contada, uma história bem montada, uma vida que só existe no discurso. Tem gente que prefere ser outra pessoa, pelo simples fato de não aceitar os próprios defeitos ou não perceber as verdadeiras qualidades. Acho triste.
Há uma máxima popular que diz que as máscaras sempre caem, mas é incrível como certas pessoas desenvolveram camadas de máscaras e sempre restará uma pronta atrás da última caída ou arrancada à força.
Minha homenagem de hoje vai pra essa mulher que, inteligentemente, consegue enganar quase todo mundo por quase todo o tempo. Inclusive a si mesma.

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