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20 de jun. de 2010

Cris

Aquele sotaque baiano era música boa nos meus ouvidos. A mulher baiana e sua malemolência na voz. Delícia.
Cris tinha a baianidade no sorriso e o diabo nos quadris. Energia inesgotável. Suor que escorria pelas costas douradas enquanto eu tentava em vão que ela cansasse. Ela não cansava nunca. Dormia 5 horas por noite e ao acordar, abria janelas, ligava o som e ia pra cozinha fazer um cuscuz amarelo que comia animadamente enquanto detalhava o sonho que tivera na noite curta de sono.
Ela era ligada no 220v. Eu era ligado nela. Sou uma criatura noturna, curto os silêncios da noite e gosto de ver o sol chegar para então dormir.
Cris foi chegando como um furacão na minha vida, primeira noite com cinema e pizza, e ela estava procurando ingredientes para o cuscuz amarelo dentro da minha despensa, 8 horas mais tarde.
Lembro que ela era macia. Sua bunda tinha formato de coração. Sua orelha era quase um ponto G extra. Impossível dominar algo assim. Eu curti cada momento com Cris. Ampliei meu paladar com azeite de dendê, pimenta de cheiro,vatapá. Engordei uns quilos, parei de fumar de manhã porque a incomodava e meu quarto passou a ter vida antes das 9 e com aroma de jasmim.
Quando ela se foi, chorava alto, falava 300 palavras por minuto e quis transar pela última vez. Eu disse não. Estávamos machucados, feridas abertas, pus para todos os lados.
Ela fechou a porta e nunca mais voltou.
Volta e meia, manhãs de domingo me trazem o cheiro de jasmim, misturado com milho de um certo cuscuz que nunca experimentei, porque não tenho fome antes das onze.
Minha homenagem saudosa à baiana falante e intensa.
Axé, Cris. Axé.

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