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21 de jun. de 2011

Sofia

Ela nasceu em Portugal e morava em Los Angeles, na mesma época que eu andava por lá.
Sofia tinha olhos verdes e amendoados, falava pouco e trabalhava muito. Era garçonete, faxineira, arrumadeira de hotel e atriz.
Todo mundo em Los Angeles é ator ou atriz, mas Sofia acreditava nisso de fato. Corria atrás de  pequenas e grandes produções, fazia testes quase diários, estudava papéis que jamais seriam dela, encenava Shakespeare num inglês sofrível, mas era a Julieta mais bonita que já se teve notícia. Como era linda a Sofia.
Não tinha um corpo perfeito,  mas a danada sabia usar tudo que a natureza lhe deu a seu favor. Os seios fartos ganhavam decotes mais fartos ainda, os cabelos cacheados eram cheirosos, anelados na medida, cuidados com dedicação.
Sofia e eu nos conhecemos perto do Albergue onde eu estava, ela tinha amigos lá que descolavam textos de teatro e afins. Vivemos uma história que durou algumas semanas e muitos beijos de cinema, sexo delicioso entre a hora de um emprego e outro  e confissões de sonhos.
Nunca mais tive notícias de Sofia, mas me lembrei que hoje é o seu aniversário, primeiro dia de inverno no Brasil e verão em Portugal. Minha homenagem a Sofia, essa mulher de mil estações que daria orgulho a qualquer Camões ou todos os Saramagos.

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